A IGREJA DE CRISTO E O MUNDO DE DORIAN GRAY


Autor: THALYSSON DE MOURA

“Porque toda carne é como erva, e toda a glória do homem, como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a Palavra do Senhor permanece para sempre” (1Pe.1:24,25).

Dorian Gray é o protagonista do romance de Oscar Wilde chamado O Retrato de Dorian Gray, que conta a estória de um jovem, inicialmente inocente e puro, cuja beleza era admirada e venerada por todos, mas que por fortes influências malévolas teve sua vida mudada em direção aos prazeres mundanos desregrados.
Dorian teve seu retrato pintado por um talentoso pintor chamado Basil, e sofreu muita influência de Lord Henry, um malicioso aristocrata que levou-o a descobrir o mundo hedonista. Henry aconselhara Dorian a aproveitar a vida enquanto fosse jovem e belo, pois um dia sua beleza murcharia como as flores do campo.
Os três personagens, ao vislumbrarem o retrato, perceberam que era o mais belo dos tempos modernos. Dorian sentiu-se muito triste ao ver sua imagem, pois ficaria velho e horrível, enquanto a figura do retrato se conservaria eternamente jovem. Se fosse o contrário... “por esse ‘milagre’, Dorian daria tudo, até a Alma”. Então oferece sua alma em troca de beleza e juventude perenes.
Depois do funesto pacto, Dorian começa a viver dissolutamente e todos que se aproximam dele passam a sofrer diversos infortúnios. Comete homicídio contra Basil e dissolve o corpo em ácido nítrico, magoa o coração de sua noiva e esta comete suicídio, é perseguido pelo irmão da moça que é assassinado acidentalmente em uma caçada, recorre ao ópio e ao olhar para o retrato, percebe que este estava mudando de fisionomia, um certo aspecto de crueldade nos lábios, e a cada novo pecado uma nova mácula na beleza, tornara-se um rosto horrendo,“a lepra do pecado consumia lentamente o retrato. A podridão de um cadáver, em uma sepultura úmida, não seria mais espantosa”. O retrato se mostrara um espelho de sua própria alma degradada. Então Dorian resolve esconder o quadro em sua velha e abandonada sala de estudos coberto por uma colcha de cetim vermelho bordada a ouro.
“Seus pecados seriam, para a imagem pintada na tela, o que o verme é para o cadáver”.
Mundo de Dorian Gray é o mundo da veneração da juventude, da beleza supérflua e dos prazeres carnais. Mas já dizia o sábio Salomão: “Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade”(Ec.1:2). Vaidade (hb. Hebhel), significa vacuidade, alguma coisa transitória e insatisfatória. A vida hedonista é uma Vaidade, uma vacuidade, uma efemeridade, uma ilusão passageira que como uma pedra de mó atada ao pescoço nos leva às profundezas obscuras do oceano. Devemos aproveitar a força da juventude para trabalharmos na obra do Senhor, lembrarmos dEle nos dias da nossa mocidade, “antes que venham os dias maus” (Ec.12:1).
Em um de seus malignos conselhos, Lorde Henry, diz que é preciso rejuvenescer, cometendo algum erro que se houvesse praticado na juventude. Disse ele: “para voltarmos à mocidade, basta-nos repetir as nossas loucuras”. Infelizmente, muitos jovens, adultos e velhos estão se entregando a uma vida de erros e loucuras típicas de adolescentes em busca de sensações remoçantes, mal sabem eles que fazem papel de palhaços. No Brasil vejo poucos adultos, poucas pessoas maduras, vejo muitos de cabeça branca e outros vestidos em ternos, belas indumentárias, mas que seu conteúdo é podre e pueril. Não se cresce no Brasil, velhos e adultos são eternas representações simiescas de adolescentes impulsivos, instintivos e malcriados.
A Igreja de Cristo deve se desviar dos ideais de Dorian Gray. Embora sua beleza física fosse radiante, sua alma, representada em seu retrato, era uma terrível podridão. Ele tentara cobrir sua vergonha com uma cortina suntuosa de cetim vermelho bordado a ouro, assim como os tartufos, os hipócritas, tentam cobrir a podridão de sua alma com uma persona, um personagem para o público que é aparentemente um cristão, mas na verdade é um sepulcro caiado (Mt.23:27-30). Assim como Dorian Gray, muitos venderam sua alma ao Diabo em busca de uma perene juventude e uma vida de prazeres.
O Mundo de Dorian Gray é o mundo em que vivemos, o mundo da busca do prazer na sensualidade, nas drogas e na lisonja. Um mundo em que as aparências e a beleza exterior são mais importantes do que a nobreza da alma. Estamos nesse mundo, mas não devemos nos misturar com ele, assim como a água não se mistura com o óleo. O próprio Senhor Jesus intercedeu por nós nesse sentido: “Não peço que os tires do mundo, mas que os guarde do mal” (Jo.17:15). Certo irmão falou na Igreja: “O crente deve ser como a garça, ela vive nas lagoas no meio da lama, mas nunca se suja. Nunca se vê mácula em suas brancas penas”.
Sejamos, nós Igreja, como uma garça perante o Senhor: “para apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef.5:27).

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